O projecto pedagógico da minha instituição para o ano lectivo 2008/2009 tem como tema “Cem Diferenças, Sem diferenças”.
Assim, pretendo trabalhar com o grupo de crianças dos 3 anos de forma a abordar o respeito pelos outros e a valorização das amizades a partir de histórias.
O meu modelo curricular tem como base o Curriculo de Orientação de Cognitivista ou High Scope, adaptado ao contexto escolar no qual estou inserida. A minha escolha recai sobre este modelo uma vez que acredito na aprendizagem activa. Ou seja, o grande ênfase é posto na aprendizagem e não no ensino, ao defender que a criança constrói o seu próprio desenvolvimento em interacção com o mundo físico e social e por sua iniciativa com o apoio e os desafios do educador. É uma aprendizagem que está em conformidade com as capacidades, necessidades e ritmo de cada criança; daí que a criança se sinta interessada e motivada intrinsecamente.
Ao se implementar este currículo, pretende-se o equilíbrio entre as iniciativas do educador e da criança, de forma a que ambos os grupos ajam em reciprocidade. Assim, o adulto inicia na estrutura geral do programa, baseado em princípios teóricos; na estrutura da rotina e do ambiente físico; põe questões; e orienta actividades de grande e pequeno grupo. As crianças têm a iniciativa de escolherem as suas actividades, planearem o que querem fazer, como e com quem. A resposta dos adultos manifesta-se observando, ajudando e colocando questões. As crianças respondem: ao aprender a trabalhar na rotina e no espaço da sala que o educador criou; ao tomar parte nas actividades de cooperação; ao resolver os problemas e ao responder aos desafios do educador; ao aprender os limites de comportamento aceitáveis.
Este modelo pretende que crianças e adultos sejam criativos, independentes, autónomos, com recursos e capazes de responder adequadamente aos desafios que um faz ao outro.
A acção educativa proposta neste modelo curricular promove a auto-estima, a auto-confiança e a estruturação do pensamento das crianças. A existência de um ambiente harmonioso promove as interacções sociais, as experiências enriquecedoras e significativas e a criança sente-se apoiada e valorizada pelo que é.
Podemos então definir como características principais do Currículo de Orientação Cognitivista:
- rotina consistente;
- tempo de planear, fazer e recordar;
- organização do espaço e dos materiais;
- aprendizagem pela acção;
- educador observador participante apoiante;
- experiências-chave (que orientam o educador para aquilo que a criança é capaz e se deve estimular. São o conteúdo deste currículo).
No que respeita ao tempo de planear/trabalhar/recordar, este acontecerá de uma forma gradual e será trabalhado ao longo do ano lectivo para que o grupo se integre nesta rotina de plenamente.
As experiências-chave correspondem a actividades que as crianças realizam naturalmente e repetem com frequência, e podem até acontecer espontaneamente. Contudo, ocorrerão mais facilmente se for criado um ambiente favorável e se forem reconhecidas, apoiadas e aproveitadas pelo adulto. A partir do que os educadores observam e guiados pelas experiências-chave, fazem o seu planeamento.
Estes vários campos estão relacionados entre si e uma actividade permite desenvolver um dos campos e, simultaneamente, desencadear outro.
Existem dez campos que determinam as categorias das experiências-chave: representação criativa, linguagem e literacia, iniciativa e relações interpessoais, movimento, música, classificação, seriação, número, espaço e tempo.
A organização do espaço da sala dos 3 anos possibilita à criança fazer as suas escolhas, experimentando o mundo de diferentes ângulos. A organização da sala propícia um quotidiano ordenado, fazendo sentido falar de arrumação, por isso todos os materiais serão classificados e etiquetados com um desenho que as represente e por escrito.
A sala está organizada pelas seguintes áreas de trabalho: casinha, construções, carrinhos, pintura, biblioteca e mesa de trabalho.
Na casinha estarão quatro crianças em interacção. Nesta área pretende-se trabalhar essencialmente o jogo simbólico, por isso têm à disposição uma cozinha, loiças, alimentos de plástico, uma mesa e quatro cadeiras, cama e bonecos e arca com roupas/acessórios.
Na área das construções está disponível o lego e blocos de madeira. Nesta área poderão estar até seis crianças a brincar no tapete. Será nesta área que decorrerá o momento do tapete. Por isso, nestas paredes estão colocados os seguintes mapas:
-mapa de presenças (tem a fotografia e o nome, ao qual vai corresponder uma mochila se estiverem na escola ou uma casa se faltarem nesse dia);
-mapa do tempo (tabela de duas entradas simples, com o dia da semana em cima e o estado do tempo é colocado em baixo);
-mapa de tarefas (inicialmente as tarefas serão ir à frente e a trás no comboio e marcar o tempo e as crianças que estão em casa);
-placard do inglês.
Na área dos carrinhos estão até quatro crianças a brincar e têm a seu dispor duas garagens, carrinhos e bonecos, num tapete com estradas. Nesta área o jogo simbólico também é trabalhado com maior notoriedade.
A área da pintura está disponível para uma criança de cada vez e tem um cavalete com tintas.
Na área da biblioteca estão os livros e os jogos, que explorarão numa mesa. Podem estar nesta área até quatro crianças. Nesta área será privilegiado o pensamento lógico-matemático. Os jogos estão organizados numa estante com três prateleiras, a cada uma corresponde uma côr e por cada prateleira existirá três figuras geométricas. Os jogos terão a mesma etiquetagem e estão organizados de acordo com a sua categoria (encaixe, dominó, loto, puzzle, correspondência, sequência ou enfiamento).
Existe ainda a mesa de trabalho onde decorrerá a actividade proposta para aquele dia. Nesta mesa podem também ser feitos jogos, à plasticina ou desenhos livres, desde que nela não esteja a decorrer a actividade orientada pelo adulto.
A rotina pode-se definir como o conjunto de actividades organizadas no tempo. Esta deve ter como objectivos: regularizar a dinâmica no grupo de crianças, permitir uma variedade de experiências vividas pelas crianças, harmonizar as relações de tempo, o tipo de actividades e as necessidades das crianças. A rotina ajuda as crianças a prever o que se vai passar, a avaliar a duração do tempo, a planificar e a lembrar o que se passou.
Pretende-se que a rotina seja consistente, ou seja que se mantenha semelhante todos os dias, mas se houver necessidade de alteração pontualmente não haverá problema. No entanto, no início do ano será seguida fielmente, para que as crianças a interiorizem, só depois será mais flexível. Desta forma, as crianças poderão compreender a sequência temporal pela sucessão de acontecimentos, assim deixa de depender do adulto para saber o que vai acontecer a seguir e aprende a controlar o seu próprio tempo.
A rotina que pretendo vir a implementar na sala dos 3 anos permitirá desenvolver a autonomia, o sentido de responsabilidade, capacidade de planear, fazer opções, tomar decisões e executar projectos. No entanto, tudo isto só será possível se a criança conhecer bem a rotina, por isso o educador deverá explicar aos pais a importância de chegar cedo à instituição. Com as crianças, o educador deve ir dizendo em que tempo estão e perguntar qual vai ser o seguinte. Para além disto, as partes regulares da rotina devem ser sempre designadas da mesma forma.
De seguida será descrito um dia tipo na sala dos 3 anos.
Até às 9h30m é feito o acolhimento.
Às 9h30m sentamo-nos em roda no tapete e são marcadas as presenças, o tempo e as tarefas para aquele dia. É ainda neste momento que é lançada a actividade proposta e cada criança escolhe para onde quer ir brincar (este será o tempo de planear, será feito o registo, pelo educador, numa grelha simples, na qual escreve a área escolhida por cada criança).
Às 10h00m inicia-se a actividade e as crianças desenvolvem as suas brincadeiras nas diversas áreas de trabalho, para onde planearam ir (este será o tempo de trabalhar).
Às 10h55m é hora de arrumar e o momento de higiene para de seguida irmos almoçar, às 11h15m.
Aproximadamente às 12h voltamos para a sala e decorre novo momento de higiene, seguida da sesta. Quando acordam, voltam a ir à casa-de-banho.
Sempre que possível, às 14h45m sentamo-nos no tapete e recordamos o trabalho da manhã (este será o tempo de recordar, ainda muito orientado pelo educador).
Às 15h00m é a hora do lanche, depois existe o momento de higiene.
Depois do lanche, às 15h30m (aproxidamente) começa o momento das saídas e as crianças brincam livremente na sala ou no exterior (dependendo mais uma vez do estado do tempo).
Esta é a base teórica para a minha prática!